O Escritor Lomborg do livro Ambientalista Cético, lança um documentário e detona All Gore

Artigo retirado do jornal O Estado de Minas, 14 de novembro, 2010 - seção Ciência e Tecnologia

AFP - Agence France-Presse Publicação: 12/11/2010 17:31 Atualização: 12/11/2010 18:21

Lomborg, de 45 anos, cujo livro 'O Ambientalista Cético' desatou a fúria de cientistas do mundo inteiro, afirma que os alarmistas estão errados  (Reprodução Youtube)
  
COPENHAGUE - A humanidade pode se adaptar às mudanças do clima sem necessidade de ceder ao pânico, sustenta "Cool it", um documentário sobre o polêmico climatologista dinamarquês Bjoern Lomborg, concebido como uma resposta a "Uma Verdade Inconveniente", sobre a crise ambiental provocada pelas emissões de gases-estufa, apresentado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore.

O filme, do americano Ondi Timoner, propõe estratégias para contrabalançar o aquecimento global: pintar as cidades de branco para refletir a luz do sol e reduzir a temperatura, captar a energia das ondas, obter combustíveis a base de algas e inclusive esfriar artificialmente o planeta produzindo nuvens na atmosfera.

"O debate sobre o clima se viu contaminado pelo fato de que só se aceitam duas posições: ou se é negacionista do aquecimento global ou se é pró-Al Gore e o fim do mundo está próximo. O problema é que nenhuma destas duas posições é justa", afirma Lomborg. "Não há meio termo e precisamos dele de verdade", disse aquele que é apontado como o 'enfant terrible' do clima.

"Cool it" (expressão que, em inglês, significa "Esfrie" ou "Fique frio"), criado em resposta a "Uma Verdade Inconveniente", ganhador do Oscar de melhor documentário 2007, sustenta que as consequências das mudanças climáticas serão limitadas e que o mundo pode enfrentá-las em um primeiro momento, fazendo ao mesmo tempo grandes investimentos em ciência para encontrar soluções de longo prazo.

"Este filme é uma continuação do de Al Gore", ganhador do Nobel da Paz 2007 junto a um grupo de especialistas em clima por sua ação global contra o aquecimento global, explicou Lomborg.

"Seu filme fez com que todos nos conscientizássemos das mudanças climáticas, mas na base do pânico, e temos que superar esta etapa. O pânico não é um bom estado de ânimo para tomar boas decisões", explicou o climatologista, que dirige um "think tank" em Copenhague.

Ele tem como alvo a estratégia atual de emissões de dióxido de carbono (CO2).

'O pânico não é um bom estado de ânimo para tomar boas decisões', diz Lomborg (Reprodução Youtube)
"O pânico não é um bom estado de ânimo para tomar boas decisões", diz Lomborg
Segundo Lomborg, o custo total do Protocolo de Kyoto alcançaria os US$ 180 bilhões ao ano. Quanto ao plano da União Europeia para diminuir em 20% suas emissões de CO2 até 2020, o cientista afirma que as medidas reduziriam o PIB europeu em US$ 250 bilhões ao ano, cinco vezes o custo previsto por Bruxelas.

Para o polêmico especialista, os dois projetos só conseguiriam reduzir a temperatura de 0,08 a 0,1 grau Farenheit (cerca de 0,05 grau Celsius) antes de 2100. A meta inicial, anunciada pela ONU, é limitar o aquecimento global a 2°C durante o século XXI com relação aos níveis anteriores à Revolução industrial.

Para Lomborg, é melhor investir o dinheiro (US$ 100 bilhões ao ano) nas novas tecnologias verdes e em combater os problemas urgentes dos países pobres: Aids, malária e água potável.

Lomborg, de 45 anos, cujo livro "O Ambientalista Cético" desatou a fúria de cientistas do mundo inteiro, afirma que os alarmistas estão errados. "Há muita gente bem-intenciada que pensa que precisamos de uma mensagem 'mais sexy' para difundi-la melhor", criticou o dinamarquês, cujas intervenções ocupam bastante tempo na primeira parte do documentário.

"Isto não funcionou com a guerra no Iraque e tampouco funcionará para encontrar soluções de longo prazo" para o aquecimento global, concluiu.

"Cool it" (com 1h28m de duração) apresenta opiniões de respeitados cientistas, entre eles o físico Freeman Dyson, da Universidade de Princeton.

O documentário, que já foi exibido em vários festivais, como o de Toronto, será lançado na Europa, após sua estreia nos Estados Unidos.

Múltiplas formas de convivência

Autor: Arthur J. Almeida Diniz

Convivência é o modo espantoso da transmissão de valores, de modos de vida (modus vivendi), crítica benéfica ao modo de ser de cada um de nós. Fluxo contínuo de informações sobre o presente da experiência, interpretando o passado e planejando o futuro. Conviver: partilhar valores, modificar continuamente a percepção interna. Quando cessam nossos contatos com o outro, empobrecemos, desesperamos, desorientamos.
Condição essencial da convivência: lealdade. Significa a certeza de que a mensagem por nós recebida é algo que integra verdadeiramente o universo do outro. O grande risco da convivência é o perigo de distorções veiculadas pela ideologia, pela propaganda e pelo fanatismo.
Convivemos também com os meios de comunicação de modo bem mais envolvente do que podemos perceber. Ouvindo a vozinha macia no rádio, vendo a beleza escultural dos modelos na televisão, engabelando-nos a comprar mais traquitanas, soam, providênciais, as palavras de Joana de Angelis: “Estimulados pela propaganda bem elaborada, desejam comprar, mesmo sem poder, o que vêem, o que lhes é apresentado, numa volúpia crescente. Abarrotados uns com coisas nenhumas e outros vitimados por terrível escassez”. Formas depravadas de convivência, aliciando nossos instintos inferiores. Nossa intimidade é violada pelas imagens sensuais, isca dilacerante de inclinações que integram os porões de nossa sexualidade. Esta persuasão hablilíssima, verdadeiramente diabólica, foi estudada por Vance Pakard num belo trabalho (“os persuasores invisíveis”. Penguin Books). E este foi o discípulo do grande economista T. Veblen, autor da obra definitiva sobre o tema: “A teoria de classe ociosa” (ed. Abril).
Na trilha da persuasão do vazio, segue-se a propaganda política. A técnica é a mesma: sob a fantasia da convivência amável, os meios de comunicação ‘vendem’ seus candidatos. Fôssemos devassar, com seriedade, a intimidade desses ‘produtos políticos’ embalados pelas agências de publicidade, a maioria absoluta mereceria não a prisão mas o hospício. O grau de corrupção dos políticos da atualidade superou a delinqüência, atingindo a demência. Essa classe nefasta já foi castigada impiedosamente nas páginas imorredouras da “República”, de Platão (428-348ªc). a filosofia, mais do que simples especulação, é garantia de sanidade em todos os tempos.


(Texto extraído do jornal Estado de Minas, Seção Opinião, pag. 5, 1° de Janeiro de 1998)

Evolução Sociocultural do Homem: Relações entre Sociedade e Ambiente

* texto extraído do livro Educación Ambiental - UPEL, Venezuela 1996

Até agora foram apresentados aspectos muito importantes da dinâmica de população humana dentro de uma perspectiva histórica, na qual se tem enfatizado como o crescimento da população, (…) por fatores exógenos e endógenos. Também é interessante analisar como as diferentes sociedades têm colocado sua tecnologia ao serviço de uma maior produção de bens materiais, para a satisfação das necessidades básicas da população.
Para satisfazer tais necessidades têm-se usado os recursos naturais. Estes, na medida em que a população vai crescendo, vêm se esgotando e se observa um mercado deteriorado de tais recursos resultando, às vezes, irreversível.
A seguir, é oferecida a informação sobre a evolução sociocultural humana com ênfase nas interações com o ambiente.
Durante o paleolítico, entre 95 a 100 mil anos atrás, os grupos humanos eram nômades. Obtinham seu alimento mediante a caça e coleta de produtos vegetais e animais aquáticos. Eram fundamentalmente depredadores, motivos pelo qual tinham que se deslocar de um lugar a outro para conseguir o alimento.
Conheciam o fogo, que utilizavam para proteger seu corpo do frio ou das feras, para cozinhar e caçar. Usaram peles para vestir-se e recobrir as cabanas que começavam a fabricar à semelhança das grutas naturais, que também aproveitavam como refugio.
Fabricavam ferramentas rudimentares de pedra e mostravam um certo indício de agrupamento social muito primitiva, na qual se transmitiam os conhecimentos que haviam adquirido e que os permitia sobreviver.
O agrupamento social possuía uma casta bem definida, na qual havia somente um chefe para os trabalhos de defesa e para coleta, caça e pesca. Note-se que estas atividades estavam dirigidas para garantir a sobrevivência da espécie.
Quanto às crenças, mostravam grande admiração pela natureza e aceitavam a existência de vários deuses: a chuva, o sol, o vento e outros. Anteriormente, eles mantinham uma atitude de respeito e admiração.
Posteriormente no mesolítico, mais ou menos imprecisamente, os grupos humanos adotaram um modo de vida relativamente sedentário, o que lhes foi possível depois da última glaciação. O ambiente menos severo lhes permitiu o abandono das cavernas, a sedentarização, a construção de casas sobre as árvores.
Os assentamentos iniciaram-se em áreas próximas a rios e lagos e iniciou-se a agricultura e a domesticação de animais. Com estas mudanças, o homem passou de coletor a produtor. Assim, dispôs de uma fonte segura de alimentação que foi decisivo para a sobrevivência da espécie.
O tipo de economia de produção que se iniciou foi acompanhada de outras mudanças muito importantes, tais como: divisão para o trabalho, construção de casas, domínio de técnicas de trabalho agropecuário (corte, queima, roça, irrigação, plantio temporário, rotação de cultivos, construção de "taludes agrícolas", uso de ferramentas mais eficientes, construção de silos para acumulação do excedente); inventaram a roda e usaram o cavalo, com qual melhorou o transporte.
O agrupamento social era o clã totêmico; eram exogâmicos.
No religioso, continuou o politeísmo e acreditavam na vida pós-morte. Seu pensamento era mágico religioso e sentiam um grande respeito pela natureza e pêlos fenômenos como a chuva, trovão e outros.
O homem do neolítico foi mudando gradualmente o uso da pedra por metais para a construção de ferramentas: primeiro usou o cobre, logo o bronze (união entre o cobre e estanho) e depois o ferro. Sendo este, de grande utilidade e importância porque aumentou a eficiência no trabalho, como para a construção de armas, escudos, vasilhas e adornos como braceletes e colares.
A invenção da escritura foi o feito mais transcendental da pré-história, com o qual se deu início à  época histórica: escrita hieroglífica egípcia, há 3.500 anos a.C. ; escrita cuneiforme, há 3.200 anos a.C.; alfabeto egípcio, há 3.000 anos a.C.; alfabeto fenício, há 1.500 anos a.C.
Todas essas mudanças influíram notavelmente no número de habitantes em cada assentamento.
É importante advertir que a revolução neolítica não foi um fenômeno homogêneo, nem mesmo no aspecto cronológico, porque as condições ecogeográficas diversas no planeta não o permitiriam, uma vez que as espécies vegetais e animais diferiam de uma região a outra. Além disso, respondiam às condições ambientais de maneira diferenciada. O processo tampouco pode ser homogêneo porque as capacidades e potencialidades dos grupos humanos diferenciavam entre si. Assim, os que dominavam mais eficazmente a terra, por conhecer melhores técnicas de produção, controlavam e exploravam de certo modo os grupos de menor poder. Portanto, impunha-se cada vez mais a divisão de classes.
É oportuno destacar que os agrupamentos humanos primitivos eram caracterizados como de subsistência devido, fundamentalmente, por produzirem para dispor somente necessário para sobreviver.
Na agricultura, a domesticação de animais, os assentamentos e demais atividades que conduziram as sociedades de subsistência, deram início ao deterioro do entorno, indiferente de quem se fosse, agricultores ou horticultores.
No caso dos horticultores, os danos eram mínimos, limitando-se a pequenas concentrações de sedimentos e baixa contaminação do ar contaminação do ar devido a queima. Os rejeitos eliminados pelo grupo não eram de baixo impacto devido a pouca densidade da população, mas também por serem dejetos biodegradáveis; todavia não se usavam os materiais não biodegradáveis de grande uso na atualidade.
Outro aspecto negativo foi a necessidade da rotatividade das áreas de baixo cultivo, porque depois de várias colheitas sucessivas o terreno ficava empobrecido. Ao tornar-se ser improdutivo era necessário abrir outras áreas para novos cultivos. Em conseqüência, produzia-se uma deterioração contínua dos solos com a correspondente destruição da vegetação, a fauna e a água.
Apesar dos impactos assinalados, é racional dizer que nas sociedades de subsistência havia certo equilíbrio com a natureza. Por que era assim?
Primeiro, porque a densidade da população era muito baixa e o efeito negativo podia ser superado ou equilibrado naturalmente num tempo relativamente curto. Dito em termos ecológicos, os tais efeitos não superavam a capacidade regenerativa do ambiente.
Uma outra consideração é que aquelas sociedades estavam em equilíbrio com a natureza, em comparação com sociedades posteriores, onde a magnitude da degradação causada se fez maior e alcançou, em alguns casos, limites irreversíveis, tal como tem sucedido com a sociedade moderna.
É oportuno assinalar que sociedades de subsistência têm existido não no paleolítico e neolítico assim como também têm estado presentes em todas as épocas, ao lado e a margem de outras sociedades de maior avance tecnológico de qualquer país do mundo.
Depois do neolítico, sucederam-se vários feitos de grande transcendência para a humanidade. Entre eles:
- a utilização dos metais;
- o uso da água e o vento como fonte de energia;
- a formação de cidades;
- a construção de estradas e aquedutos.
Estes feitos interagiram e influenciaram na diversificação tecnológica para assegurar uma maior produtividade, o que exigia e justificava a divisão para o trabalho, com a conseqüente aparição das classes sociais.
Na medida em que se foi fazendo mais complexa a interação, a tecnologia usada foi exercendo uma maior negatividade sobre o equilíbrio natural. Maior concentração de população demandava maior produtividade, e esta, conduzia a uma maior degradação do ambiente.
Esteja certo de que o processo não é uniforme em todas as latitudes nem é uma continuidade cronológica; a degradação do ambiente não é estritamente lineal. São zonas do planeta onde o processo de destruição do ambiente tem sido mais acelerado que em outros. O que parece na verdade é estar diretamente relacionado é o tipo de alteração e a velocidade do processo com o grau de avanço tecnológico utilizado para a produção que demanda a sociedade, em concordância com o estilo de desenvolvimento posto em marcha, o qual responde à ideologia dominante na classe social mais poderosa.
Durante os séculos da Idade Média, ainda que se continuou afetando o equilíbrio natural, a interação sociedade-ambiente esteve marcada pelas grandes culturas caracterizadas por um complexo sistema ideológico-político e socioeconômico.
Outro aspecto ideológico presente na Idade Média foi o motivo e justificativa das invasões e conquistas dessa época; trata-se da propagação da cristã no mundo ocidental. Tem-se aceitado que a necessidade de propagar a , justificava grandes matanças e extermínio de povos e cidades. Também tem-se dito que a auto-consideração do homem como criatura feita à imagem e semelhança de Deus, determinou que o homem se considerava com o amo e senhor da natureza, e que esta devia estar a sua disposição.
Além disso, deve-se assinalar que não existia a consciência da finitude dos recursos naturais, isto contribuía a crer que eram inesgotáveis.
Apesar de os danos a natureza vinham aumentando, não alcançou níveis críticos porque a baixa densidade da população e o baixo nível tecnológico atuavam como fatores limitantes. Os principais problemas ambientais mais notórios originavam-se nas cidades, devido à falta de alimento e as epidemias que se propagavam facilmente pela ausência de medidas sanitárias.
Apesar de que o expressado é valido em geral para toda a Idade Média, alguns feitos ocorridos a partir do século XII devem ser assinalado, dado que influíram notoriamente na relação da sociedade com o meio e criando condições para um aumento da população, cuja densidade nos centro dos povoados constituía causa imediata de outros problemas sociais.
Entre estes feitos tem-se:
- o uso da roda hidráulica, o que permitiu uma grande expansão dos moinhos de água;
- a roda em instrumentos agrícolas e nas fábricas de tecidos (industrial e têxtil);
- utilizou-se a força animal em forma mais sistemática na execução de atividades agrícolas, tal com o arado e o transporte dos produtos colhidos;
- o uso da bússola e leme nos transportes marítimos foi muito importante para acelerar o comércio, a comunicação, com o conseqüente intercâmbio de tecnologias, e é claro, da cultura em geral.
O maior desenvolvimento agrícola a mais eficiente comercialização e a indústria têxtil dos últimos séculos da Idade Média, contribuíram para impulsionar ainda que em forma muito limitada o processo de destruição do solo, da vegetação e da fauna. Entre os problemas causados pela concentração de pessoas nos povoados, os mais notórios foram as doenças por falta de salubridade no meio, agravada pela escassez da água.
As transcendência dos feitos mencionados, está em que contribuíram para a iniciar as profundas mudanças tecnológicas dos séculos subseqüentes.
Para uma maior compreensão da relação entre a sociedade e seu entorno a partir da revolução industrial (XVIII ao XX), é preciso relembrar alguns feitos mais relevantes entre os séculos XV e XVII.
Nestes séculos, os avanços tecnológicos, cientistas e o sistema econômico, significaram a ante-sala da revolução industrial. Esta marcou uma nova circunstância para o crescimento demográfico, o processo econômico material e é claro, para a grande destruição e consumo dos recursos naturais.
A partir do renascimento, o conhecimento do mundo da um giro inusitado e passa-se de uma concepção qualitativa, religiosa e muito limitada espacialmente, a outra de caráter quantitativo, não religiosa e de grande extensão espacial.
Essa mudança de concepção do mundo foi possível pêlos avanços do conhecimento geográfico, astronômico e matemático. O progresso na física e na química permitiu um maior desenvolvimento tecnológico e isto, por sua vez, causou um maior domínio e exploração da natureza. Assim, o homem adotou uma nova posição ante o mundo e se auto-considerou com direito a manipular tudo o que lhe rodeava, próximo ou longe, a fim de satisfazer suas necessidades materiais. O espiritual estava passando a um segundo ou talvez último plano. O mais importante foi o bem estar material e econômico, sustento do poder político.
Entre os feitos mais notórios do período compreendido entre os séculos XV e XVII pode-se assinalar:
- grandes descobrimentos geográficos;
- descarte da concepção geocêntrica do universo;
- grandes e sangrentas lutas religiosas e as correspondentes reformas;
- incremento comercial entre os países colonizadores a suas colônias com a conseqüente exploração, extração e saqueio dos recursos naturais, contribuindo à acumulação de capital dos colonialistas, bem como o aumento de seu poder econômico e político;
- a ciência e a tecnologia são postas ao serviço dos colonizadores, fazendo-se mais eficiente a exploração dos recursos naturais de suas colônias. Um exemplo foi é o desenvolvimento a massificação do uso de fontes de energia como a água e a hulha, o desenvolvimento da metalurgia e a mineração com a conseqüente exploração dos minerais, o esgotamento dos recursos madeireiros e a drástica alteração faunística, pedológica, aquática e aérea;
- nas cidades não se concentraram as populações, criando melhores condições para a expectativa de vida, como também de trabalhos em indústrias e comércio, convertendo-se em grandes centros de produção mecanizada. Ao mesmo tempo, este aspecto deu espaço ao desemprego da população produtora artesanal, que vieram a resultar em outros graves problemas sociais;
- a maior capacidade produtiva concentrou-se no estrato social de maior poder econômico. Esta situação produziu a expansão da indústria e do comércio entre colonizadores e colonizados. Tais feitos conduziram à acumulação de capital nos países industrializados e a destruição e esgotamentos das riquezas naturais das colônias.
Entre os séculos XVIII e XX consolidou-se o fenômeno denominado revolução industrial, caracterizado por uma extrema complexidade ideológica, política e socioeconômica e responsável por profundas desigualdades sociais, enormes avanços tecnológicos e de severos efeitos no ambientais planeta.
É conveniente indicar que o desenvolvimento industrial não se manifesta por igual em todos os países, devido ao fato que uns resultaram economicamente mais favorecidos que outros. Da mesma maneira, os efeitos são diferentes entre os países ricos e pobres.
Outro aspecto que convém assinalar é que, apesar de um determinado país seja considerado como desenvolvido industrialmente, coexistem nele, diferentes grupos sociais em diversos graus de desenvolvimento material, e, por conseguinte, de nível social e de qualidade de vida. Igual fenômeno ocorre nos países em via de desenvolvimento, nos quais, a problemática social alcança níveis dramáticos.
Foi-se dito que a alta produção industrial se orienta essencialmente à satisfação de interesses econômicos e materiais. Manter uma produção industrial crescente e rentável economicamente, exige um contínuo consumo excessivo dos produtos. Este aspecto tem garantido utilizar os meios de comunicação social para a promoção do desenvolvimento economicista, valendo-se da psicologia de massas.
A crescente demanda de energia tem conduzindo ao esgotamento dos hidrocarbonetos como recurso natural energético por excelência; em conseqüência, tem-se vindo estimulando o uso da energia nuclear como alternativa; com a agravante de que esta constitui um elevado risco para a sobrevivência do próprio homem.
Por outro lado, as alternativas energéticas não contaminantes como a solar, eólica, biológica e hidrológica, tem sido subutilizadas. Podemos então explicar por que tem sido assim? Simplesmente, porque estas alternativas são pouco rentáveis em comparação com a energia nuclear ou a de hidrocarburetos.
O sistema de desenvolvimento industrial exige altos benefícios em curto prazo e a menor custo, o qual não é possível com energia contaminante. Esta é apropriada por outro estilo de desenvolvimento, de acordo com outro estilo de vida, sustentando em valores muito diferentes aos da atual sociedade industrial.
Que outros feitos têm ocorrido em torno do homem?
A sociedade industrializada, além de necessitar de mais alimento, mais energia e mais matéria prima, tem desenvolvido um estilo de vida que depende do saque à natureza. Desta maneira tem desaparecido a possibilidade de coexistência entre a sociedade e a natureza.
Tem-se contaminado o ar, a água, o solo. Tem desaparecido a vegetação para dar passo a "selva de pedra". Grande número de espécies de animais tem desaparecido. A contaminação sonora e visual tem-se feito presente e quase não sobram áreas naturais nem para recreação nem muito menos, para a inspiração artística.
Antes de seguir adiante, faz-se necessário responder a uma pergunta. É o desenvolvimento industrial, o progresso tecnológico e científico negativo para a humanidade?
A resposta é obvia. Em muitos aspectos tem sido favorável, entre tais aspectos podem ser assinalados: melhorias médico-sanitárias, melhorias alimentícias, casas mais cômodas, melhor disponibilidade de vestuário, controle de muitas doenças, diminuição da mortalidade, melhor deslocamento e meios de comunicação mais eficientes, serviços públicos de qualidade, melhor emprego, maior ingresso econômico, melhorias educacional e muitas outras.
Todas essas mudanças manifestaram-se em uma grande diminuição da mortalidade. A esperança de vida ao nascer aumenta para 55 anos nos fins do século XIX, e é maior ainda no século XX. Isso traduz, quantitativamente, em um grande aumento da densidade da população a nível mundial, o qual exerce uma grande pressão sobre os sistemas de produção e afetam de forma negativa e diretamente aos recursos naturais. Assim, ainda que as doenças tenham sido cada vez mais controladas e a distribuição de alimentos tem sido estimulado aos mais altos níveis exigido pelos humanos, teme-se estar vigente outra situação que tem impedido que o aumento da população seja ainda maior do que tem sido. Trata-se das guerras, atrás das quais estão as mais inconfessáveis finalidades ideológico-políticas e econômicos e, ainda que pareça difícil admitir, a ciência e a tecnologia se tem colocado a serviço de garantir uma maior eficácia destes diversos pontos de vista. Além disso, a ciência e a tecnologia têm estado abaixo do controle dos grupos mais poderosos economicamente.
É oportuno refletir sobre os seguintes aspectos característicos do desenvolvimento industrial das últimas décadas do século XX: a automação, as contribuições da física, da química e da biologia; a transcendência da tecnologia espacial, os meios de transporte, o uso dos plásticos e os grandes avanços da ciências da conduta (sociologia, publicidade, psiquiatria, psicologia, estudo de mercados e outros).
Em relação com esses aspectos é conveniente perguntar: como surgiram ou como alcançaram o grau de desenvolvimento que os caracteriza? E também: quais efeitos vêm sendo causados tanto no meio natural como no comportamental dos indivíduos e da sociedade em geral?
É fácil notar como a ideologia dos grupos de poder em definitiva sustentam ao sistema público e econômico que determina, por sua vez, um certo estilo de desenvolvimento e um certo modo de comportamento coletivo. A este respeito pode-se assinalar que o homem, no transcurso do tempo, vem vindo mudando a sua concepção sobre o universo, do mundo e de si mesmo. A mudança de usar idéias sobre o que o rodeia e de ele mesmo tem estado em relação como o conhecimento que vai acumulando. Assim, embora cada vez mais se conhece sobre o que o rodeia e sobre seu poder de manipulação, maior é uso que se dá sobre os outros e sobre a natureza.
É conhecido que a concepção dominante no mundo moderno, e com maior ênfase no contemporâneo, é de caráter materialista, onde o interesse político-econômico está centrado no progresso material e na obtenção de benefícios em curto prazo. Isto vai se realizando neste século sobre uma forma cada vez mais acelerada, com o intuito em obter a máxima rentabilidade possível a expensas dos limitados recursos da natureza. Recursos que tem sido utilizado como se tratasse de um capital inesgotável.
O desenvolvimento economicista de extração que tem imposto aos grupos poderosos, tem esgotado e diminuído os recursos naturais dos povos de menor poder econômico e político. Além disso, têm modificado a tal extremo seus padrões de pensamento, que não é difícil encontrar as evidências de que os países mais pobres estão lutando para alcançar padrões de "desenvolvimento econômico” ou de “progresso material” típico dos chamados países industrializados. É fácil que estes padrões de pensamento dos menos poderosos tem sido induzidos pela ideologia dominante a nível político.
O estilo de desenvolvimento que se tem impostado tem gerado graves e as vezes irreversíveis danos ao entorno humano. Como resultado, sentido já de alguma maneira pela população, já se observa cada vez mais, freqüente manifestação de pequenos grupos alertando sobre a crescente ameaça para a sobrevivência da própria espécie.
Não é nem um pouco desejável a idéia de que o homem, como última espécie evolutiva, pudera ser também estar destinada a desaparecer como conseqüência de suas próprias ações sobre o ambiente, do qual depende em definitiva, sua existência.
Esta preocupação cada vez mais forte nos leva a refletir sobre quanto a nossa ação no uso de energia e armamentos nucleares, a contaminação do solo, a destruição da capa de ozônio e nos danos a fauna e flora e obviamente se estendendo ao sentido real da nossa sobrevivência quando julgamos que os direitos humanos devem ser estendidos a todos e não entendemos o porque de que existem muitos povos do mundo morrem de fome, desnutrição, doenças, guerras e toda uma gama de delitos sociais (marginalidade, a aglomeração e o desemprego) que tem sua relação ao sentido de respeito ao próximo.
Para concluir, vale lembrar que no passado, as sociedades de subsistência produziam um menor dano ao seu entorno e ao próprio homem. Poderia até dizer que este tipo de sociedade, mantêm certo equilíbrio com a natureza uma vez que sua agressão é mínima e a capacidade de regeneração do local é total e embora compreendendo que os fatores sociais e ambientais são parte de uma interação onde o natural sobrepõe ao artificial, nas sociedades modernas, verifica-se uma forte ruptura entre as diversas comunidades com seu entorno, variando no transcurso das gerações segundo os interesses e dominações de cada grupo, um sobre o outro, através do crescente nível tecnológico a seu alcance gerando um grau de poder imenso para uns poucos e sentido de submissão para uma grande maioria.