Participei de uma conferencia que contou com a participação de uma funcionária das Nações Unidas levou um relatório do que foi a Rio+20.
Diria que por parte da conferencia foi interessante, pois trouxe detalhes da organização e das discussões que houverem junto com os membros de cada país, por outro, vimos que tudo vai ficar na mesma.
Preparei uma pergunta-diagnóstico onde queria que ela me respondesse como ela me faria acreditar em SUSTENTABILIDADE, pois a quase vinte anos tento entendê-la e não consigo. Assim, coloco aqui o porque sou realista - ou pessimista dentro da visão de muitos.
Diria que por parte da conferencia foi interessante, pois trouxe detalhes da organização e das discussões que houverem junto com os membros de cada país, por outro, vimos que tudo vai ficar na mesma.
Preparei uma pergunta-diagnóstico onde queria que ela me respondesse como ela me faria acreditar em SUSTENTABILIDADE, pois a quase vinte anos tento entendê-la e não consigo. Assim, coloco aqui o porque sou realista - ou pessimista dentro da visão de muitos.
Ilma.
Sra.
Quero
agradecer ao mediador por permitir que eu me pronuncie e mais ainda a senhora a
quem espero que possa realmente tirar minha dúvida.
Não
quero gerar desconforto, não é o meu objetivo. Eu quero é apenas entender o
real significado da sustentabilidade.
Meu
nome é Ronaldo Gomes Alvim, sou professor visitante do programa de
pós-graduação do PRODEMA – Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Em
primeiro lugar quero deixar claro que ACREDITO que vejo equivocado dizer RIO+20
uma vez que tal discussão começou em 1972 em Estocolmo. Pra mim, isto sepulta
outros 20 anos de luta das ONG’s que separaram esta conferencia da RIO-92.
COMEÇANDO ENTÃO
Há
aproximadamente 20 anos sou professor universitário e nos últimos 15 venho
tentando realmente entender o que a sociedade internacional chama de
sustentabilidade, mas antes de dar inicio a minha dúvida, gostaria de lembrar
uma passagem que tive a oportunidade de ver na Rio-92, pois acredito que tem
tudo a ver com que estamos discutindo. Naquele evento, dois índios falavam
sobre a importância da discussão do tema, SUSTENTABILIDADE, para eles e de
repente, um organizador do evento aparece com uma criança chorando e pede
permissão a eles para, diante do público, anunciar que esta estava perdida. Houve
um silêncio de todas as partes, neste instante, o índio pega o microfone e diz “na
verdade, estamos todos perdidos”.
Hoje,
passados 20 anos da Rio-92 e 40 da falecida
conferencia de Estocolmo esquecida no meu ponto de vista de propósito nesta
data, vejo naquelas palavras que ele tem razão até os dias de hoje, isto é, estamos
completamente perdidos quer ver?
EM NÍVEL INTERNACIONAL
-
Segundo relatório da FAO, produzimos
hoje alimentação suficiente para acabar com a fome no mundo, mas o que vemos? O
número de subnutridos neste século subiu de “apenas” 700 milhões para um “pouquinho”
mais de um bilhão de pessoas;
-
Em outro documento desta mesma Organização informou que a atividade pesqueira
atual já vem comprometendo os principais
recursos naturais mundiais e alguns dos organismos que fazem parte da nossa
dieta como o atum, o bacalhau, o esturjão, entre outros, já não conseguem repor
na natureza, o número de indivíduos que pescamos.
-
segundo o Banco mundial, 22% da população mundial vive abaixo da linha da
miséria recebe menos de 1,25 dólares ao dia e 1% dos rendimentos das pessoas
mais ricas equivale ao que ganha 57% dos mais pobres no mundo.
-
Reduzir a pobreza e o impacto do crescimento sobre o meio ambiente não é fácil.
Nos tempos difíceis em meio à fome e à morte, na África especificamente,
estamos vendo as pessoas transformando florestas em desertos por utilizarem fogão
a lenha por não terem dinheiro pra comprarem a gás.
-
os índices de contaminação sejam aquática, atmosférica ou de rejeitos sólidos
tem batido recordes ano após ano com o agravante de não ter o que se fazer com
os atuais lixos tecnológicos.
-
guerras são criadas para satisfazer os desejos econômicos dos países do norte
onde numa caçada “ao terror”, matamos mais
de meio milhão de civis;
-
criamos os transgênicos para “diminuir a fome no mundo” como é o caso da soja e
milho principalmente E QUE ATÉ ONDE SEI, NEM FORAM DISCUTIDOS NA RIO+20. Tais
produtos foram criados essencialmente alimentar o gado que nos próximos 15 anos
alcançarão um número igual a uma cabeça de gado por cada humano do planeta e,
há que se dizer que, uma área para servir de comida a uma res, serviria para
matar a fome de pelo menos 4 pessoas, mas a sociedade não se preocupa com isto
e sai daqui e vai ao restaurante comer um delicioso pedaço de carne.
EM NÍVEL NACIONAL
-
as insanas políticas ambientais criadas por burrocratas analfabetos que arrasam
nossa biodiversidade, não conseguem ver que afundam cada vez mais nosso país em
um caos ambiental que, sem dúvida, afeta a saúde do nosso sofrido povo.
- as corrupções sangram os direitos
mais sagrados do povo que é a saúde, educação, alimentação e moradia;
Partindo
deste principio eu particularmente acredito que não haverá sustentabilidade
enquanto houver pessoas morrendo de fome, desigualdade social, crianças
morrendo por causa de diarreia, sexismo, analfabetismo e destruição do meio
natural.
Para mim, Rio+20
ou Estocolmo+40 me mostra o que disse um de nossos políticos em seu escasso
momento de lucidez: “Findas as reuniões e apagadas
as luzes, parece que as pessoas se voltam para seus afazeres do dia-a-dia. E aí
a fome é esquecida”. Claro, aí acrescento também as discussões circenses dos
problemas ambientais, sociais, culturais, etc, etc.
Gostaria de lembrar que a próxima conferencia daqui a 20 anos, veremos o mesmo, nada mudou a não ser termos no mundo mais de 10 bilhões de indivíduos utilizando os recursos naturais para alimentação, vestimenta, educação, etc.
à
Vendo desta forma, gostaria de pedir a
senhora uma explicação sobre o que se propõe para os próximos vinte anos:
continuidade deste processo de destruição ambiental? Degradação das culturas
autoctonas? Perda de valores humanos? Fim dos ecossistemas?